Redescobrindo os jogos do Homem-Aranha (2000-2018) 1/3




Fazendo história...

Na década de 60, nasceria o personagem mais icônico do universo de super-heróis Marvel. O Homem-Aranha fora criado, em meados de 1962, pelo genial escritor Stan Lee e ilustrador Steven Ditko. Peter Parker seria visto primeiramente na 15ª edição da HQ Amazing Fantasy que contava as origens do cabeça de teia.
De tão batida, parece que a sua história se tornou clichê nos dias atuais. Mas, fazer o quê? Vamos lá... Naquele mesmo ano, a HQ Amazing Fantasy nos apresenta o personagem Peter Parker: um talentoso estudante na área de ciências. Logo, fica claro que a vida de Peter não é perfeita, pois, corriqueiramente, sofre bullying e rejeição onde estuda por parte de seus colegas de classe, que o consideram “nerd” demais. Mas, a sua vida dá uma reviravolta daquelas que o transforma no “amigão da vizinhança”, quando é picado, misteriosamente, por uma aranha radioativa, em uma exposição científica.
Como muitos devem saber, tal aracnídeo lhe fornece poderes fora do comum: a partir de agora, Pete está muito mais forte, ágil e é capaz de escalar paredes. Assim, vendo uma oportunidade de literalmente “subir na vida”, Peter se fantasia de Homem-Aranha para competir em uma luta de vale tudo no Ed Sullivan Show e após ganhá-la com pouco esforço, recusa-se a impedir que um ladrão leve o resto do dinheiro da casa de shows, durante um assalto. Sem saber que o mesmo ladrão mataria, à queima-roupa, o seu amado tio Ben, em outro assalto, mais tarde.
Tudo isso culmina para que Peter se arrependa de seus erros e aprenda com eles, como uma frase célebre que seu tio uma vez lhe disse: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. E, assim, nasce a ideia básica do que compreendemos hoje como o Homem-Aranha: um jovem subestimado e esquecido, mas que não quer ver o destino de outras pessoas se perder na mão do crime, como aconteceu com o seu tio e se transforma no maior herói de todos os tempos, o Homem-Aranha.


Spider-Man (2000) foi lançado entre agosto e setembro do ano 2000, desenvolvido por diversos estúdios, entre eles, a extinta Neversoft e, principalmente, a Treyarch, distribuído para várias plataformas como PSOne, Nintendo 64 e Windows.

História
Começa com uma cena bem incomum: o próprio Homem-Aranha roubando os aparatos do Doutor Otto Octávios, numa feira de tecnologia. Mas, quem está vestido de Homem-Aranha, não é, de fato, Peter Parker, e, sim, parte de um complô orquestrado pelo Doutor Octopus que é descoberto pelo verdadeiro Homem-Aranha, após o seu arqui-inimigo espalhar uma toxina por toda a cidade. Entre um encontro e outro, vemos, apesar de não controlar, personagens icônicos do universo Marvel, como Demolidor, Gata-Negra e Tocha-Humana que ajudam o super-herói a resolver tais problemas, até que ele descubra toda a verdade e tenha de volta a sua moral perdida.

Jogabilidade
Com um total de tri­­­nta e quatro fases que são ilustradas por seis capas de HQs, temos um Homem-Aranha capaz de ir de um prédio ao outro, ­­nas fases mais espaçosas e que pode andar em quase todas as suas superfícies, até mesmo quando entramos em cenários menores e ele escala as suas paredes e tetos, de forma bem fluida. Mas, o jogador deve estar atento ao acumulador de teias que é esgotado se as teias forem usadas demais, impedindo-o, por exemplo, de alcançar certas áreas e de realizar algum golpe especial com elas. Condição bem pensada, porque nos dá noção de que até o Homem-Aranha tem limites também.

Chefões & Cenários
Os pontos mais fortes do jogo, porque muitos dos arqui-inimigos do Homem-Aranha não são totalmente derrotados por ele, mas, também, pelo próprio cenário onde estão, é o que denominamos nos dias atuais de “cenários interativos” e é, realmente, fascinante saber que eles já existiam desde aquela época e desde então vêm evoluindo. Há um exemplo clássico, quando derrotamos Rino e ele se choca em interruptores enormes, sendo eletrocutado, porque o seu chifre fica preso, por alguns segundos, no maquinário.



E se?
Se o código GBHSRSPM for digitado, então é ativado o modo “What if?” que traz leves diferenças no design do cenário e trilha sonora de Spider-Man. Na verdade, “What if?” representa uma série de HQs que trazem fatos alternativos dos originais vistos no universo Marvel e essa ideia também funciona aqui. E, se eu abordasse também que há diversos trajes alternativos nesse mesmo jogo, sendo que alguns deles dão poderes a mais ao querido personagem? Sim, eles existem, através de manhas mesmo! Como podemos usar o traje do Homem-Aranha Cósmico, Aranha Escarlate, Homem-Aranha 2099 etc. Tais códigos deveriam ser usados no Cheat Menu.

Conclusão
Spider-Man (2000) é senão o melhor jogo do Spider-Man de todos os tempos. Ainda que os seus gráficos agora sejam obsoletos, isto não retira o mérito de, principalmente, os desenvolvedores da Neversoft e Treyarch de investir, naquele tempo, em um título com tal temática, quando os próprios jogos estavam, pode-se dizer, engatinhando até chegarem ao fenômeno mundial que são nos dias atuais. Vale muito a pena você jogá-lo e ver que, com certeza, ele era uma obra à frente de seu tempo e gerou uma série de outros títulos do mesmo herói.



Spider-Man 2: Enter Electro é a continuação de Spider-Man, lançado em 2001, agora produzido pela Vicarious Visions, publicado pela Activision, exclusivo para a plataforma PSOne.

Produção
Com a mudança de produção passada para a Vicarious Visions, percebe-se que esta desenvolvedora aproveitou, comodamente, o sucesso do primeiro jogo desenvolvido pela Treyarch. Manteve vários aspectos positivos como gráficos, jogabilidade e progressão, assim como não corrigiu um de seus principais pontos negativos: a estabilidade da câmera. Mas, conseguiu acrescentar novidades interessantes e que ainda mereciam ser exploradas pelo jogador.

História
Dessa vez, temos Electro, Maxwell Dillon, como o supervilão principal e que reúne um grupo de bandidos, e outros vilões, como o Homem-Areia e Shocker, para ajudá-lo a arruinar a vida de Spider-Man. Após vencer vários destes vilões e passar por vários locais, o herói finalmente encontra Electro no museu da cidade, exigindo que Spider-Man lhe dê a Lágrima de Zeus, um aparelho capaz de potencializar a bioenergia de alguém que, no caso, são os seus poderes elétricos, e que o transformaria no Hyper-Electro, para soltar o Dr. Watts, único cientista capaz de concluir as funções do aparelho. Inesperadamente, o Homem-Aranha comete um grande erro ao relutar em entregar a tecnologia que, infelizmente, cai nas mãos do supervilão.


Hipervilão
Agora o Homem-Aranha deve travar uma batalha final com um ser de pura energia: O Hyper-Electro que, aparentemente, é invencível. Mas, durante a luta, descobrimos um ponto fraco desse hipervilão: como ele está se alimentando da energia dos geradores próximos para manter seus poderes, só é preciso que o aracnídeo os sobrecarregue e dê um curto-circuito em todo o sistema, que logo vai abaixo.



Danger Room Simulator
Apesar de estarmos no jogo do Spider-Man, nada impede que apareçam outros amigos seus, certo? É o que acontece, quando somos jogados em uma espécie de sala de treino e alguns X-men dão as caras, como Professor Xavier e Vampira. O Danger Room traz uma série de desafios opcionais que devem ser superados sob algumas condições e se não restar mais ao jogador o que fazer, é uma excelente escolha para prolongar a vida útil do jogo, mesmo que o desafio não seja tão longo.

Conclusão
Para a continuação de um jogo que deveria mostrar de novo toda a excelência de seu antecessor, Spider-Man 2: Enter Electro cria novas possibilidades ao mesmo tempo que utiliza mecânicas já conhecidas, quer dizer, o jogo é mediano, porque poderia, pelo menos, melhorar as partes que tantos jogadores reclamaram no primeiro. E, se o desfecho dessa série não foi tão aclamado, anos mais tarde, ele seria bem aproveitado, como resultado dos filmes interpretados pelo inesquecível Tobey Maguire, apresentando uma estupenda trilogia, acompanhada de jogos memoráveis.


Spider-Man: The Movie Game seria lançado em 2002, desenvolvido pela Treyarch e publicado pela Activision, para as plataformas Game Cube, Xbox, PlayStation 2 e Windows, como o jogo do filme de mesmo nome que foi dirigido por Sam Raimi e interpretado por Tobey Maguire como o Homem-Aranha. Na primeira fase, há um tutorial narrado por Bruce Campbell de como usar os movimentos básicos do aracnídeo, que seriam usados nas próximas fases.


História
O roteiro é quase idêntico à história original do super-herói e à apresentada no filme, ou seja, Peter se depara com a morte de seu tio Ben e após alguns eventos infelizes, confronta outros supervilões que vão desde Shocker até o Abutre, para pôr fim nos temíveis planos do Duende Verde que deseja capturá-lo, usando certas aranhas robóticas.

Jogabilidade
São apresentados diferentes tipos de locais e inimigos que o Spider-Man enfrenta. Em uma fase, temos Manhattan, com seus inúmeros prédios e arranha-céus que nos dão uma gratificante sensação de ir do canto A ao B, lançando teias, com algumas coreografias, entre as edificações, enquanto derrotamos o Abutre, com alguns socos e chutes.
Ou quando enfrentamos o Escorpião e aranhas robóticas, em ambientes fechados e que precisam de um pouquinho de paciência na passagem de trechos mais apertados ainda, devido à instabilidade da câmera que dá visão ao jogador do personagem.  

Conclusão
Por si só o jogo é razoável, para a época, tendo em vista que, normalmente, jogos inspirados em filmes não dão muito certo até os dias atuais, imaginemos naquele tempo, então. Mas, acredito que ele seja importante como um todo, pois o filme em que foi baseado foi um sucesso de crítica e de bilheteria e, de certa forma, vendeu bem a marca “Homem-Aranha”.
Não é tanto que, a partir disso, devido a vários outros fatores, houve uma porrada de jogos com o mesmo herói, assim como a obra cinematográfica foi um marco na indústria dos filmes de super-heróis da Marvel, até se tornar no que é atualmente.



Spider-Man 2 era o sucessor de Spider-Man: The Movie Game e representava o jogo do filme de mesmo nome. Desenvolvido, em 2003, por diversas produtoras, como Treyarch, The Fizz Factor, Digital Eclipse etc. e publicado, também, por outras como Activision e MacPlay, para as diversas plataformas Game Cube, PlayStation 2, Xbox, Mac OS X, Windows...


Cinema vs. Jogos
Se hoje vemos a importância dada aos filmes de superprodução da Marvel, após ser comprada anos mais tarde pela Walt Disney, toda a empolgação que os circunda na véspera de seus lançamentos e de quantos bilhões tais gigantes comerciais faturam a partir deles, pode-se dizer que esta fonte de dinheiro tenha dado os seus primeiros passos, por aqui.
Não é para menos que a continuação cinematográfica Spider-Man 2 é mais um sucesso de bilheteria, que seria encerrada com mais um filme, concretizando a trilogia. Então, para obter lucro de todas as partes, a Marvel precisava de mais um jogo à altura e que devesse ser lançado. É nesse contexto que nasce, certamente, a melhor adaptação de filme de super-heróis para os games: Spider-Man 2.

Mais História, por favor!
Seguindo, mais ou menos, o roteiro do filme, a campanha do jogo ainda é narrada por Campbell, de forma mais presente e que se encaixa melhor em cada momento jogado. Há, também, introdução de missões e desafios que devem ser seguidos pelo herói, até chegar à história representada nos cinemas.
Após dois anos do primeiro jogo, Peter está meio que conciliando a sua vida pessoal com a de herói, por isso comete alguns deslizes: deixa de investir em Mary Jane, chega atrasado nas aulas da faculdade e nem sempre é pontual no trabalho... Só depois de enfrentar Rino e Mystério, o enredo de Spider-Man 2 começa a andar.
Como acontece no filme, somos apresentados ao Doutor Otto Octávios que desenvolve quatro braços mecânicos que manipulam a fusão nuclear, com o intuito de fornecer energia para toda  Manhattan. Tais tentáculos são integrados ao seu corpo e controlados mentalmente, mas para não ganharem vida própria, há um chip inibidor mantendo tudo sob controle.
Porém, nem tudo sai como esperado, a fusão fica instável e destrói o chip, Octávios enlouquece e com a informação de que Peter Parker é a pessoa mais próxima de Spider-Man, ele sequestra a sua tia May, para atrai-lo em suscetíveis tentativas de derrotá-lo, algo que não aconteceria.

Célula Viva
­­­Agora, temos um cenário bem mais extenso e completo da ilha de Manhattan, um verdadeiro mundo aberto, que relembra jogos de sucesso de outras franquias como o famosíssimo GTA San Andreas produzido pela Rockstar Games, lançado quase na mesma época, mas com viés de ficção científica, sendo indescritível a sensação de dar um passeio na cidade ao se pendurar nos seus prédios com os cartuchos de teia.  
A cidade por si só é o que podemos chamar de “célula viva”, pois, além de possuir personagens que comumente são controlados pelo computador, contém também várias missões secundárias como parar um assalto ou levar algum ferido ao hospital e que precisam ser feitas parar progredir na campanha enquanto se ganha pontos de habilidades.

Extenso até no contexto
Há quem diga que o jogo rodava melhor, naquela época, no console da Microsoft Xbox, devido a alguns pequenos engasgos, bugs, vistos no PlayStation 2. Mas, falando sério, galera, o interessante é pensar que foi possível jogá-lo nas duas plataformas e que uma diferença aqui ou ali não veio a atrapalhar não sei quantas horas de jogo desfrutadas. No geral, ele impressionou tanto no visual, na fluidez dos movimentos dos personagens, possibilidades de jogo, quanto na extensão do cenário.

Conclusão
Tal série de jogos terminaria com o lançamento de ambos: filme e jogo Spider-Man 3. Mas, para não entediar vocês, é melhor avançar um pouco no tempo, fazendo, é claro, a ressalva de que todo esse conteúdo midiático retratado foi de extrema importância para o futuro lançamento de mais jogos e filmes desse gênero.


Comentários