Vale a pena jogar The Evil Within?



The Evil Within, chamado no Japão de Psycho Break (サイコブレイク; Saiko Bureiku), é um jogo de terror e sobrevivência desenvolvido pela Tango Gameworks e publicado pela Bethesda Softworks. Foi lançado mundialmente em outubro de 2014 para Microsoft Windows, PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360 e Xbox One, sendo desenvolvido por Shinji Mikami, criador da famosa série de jogos de terror Resident Evil.
Mikami foi contratado pela Capcom logo após se formar na Universidade de Doshisha, em Kyoto, em meados de 1990. Seu primeiro trabalho foi como planejador do Capcom Quiz: Hatena? no Daiboken (カプコンクイズ ハテナ?の大冒険), um jogo de perguntas para o console portátil Game Boy que estava programado para ser concluído em apenas um mês, mas demorou muito mais tempo para terminar. Em 1995, Mikami foi contratado pelo produtor Tokuro Fujiwara na Capcom para dirigir um jogo de terror no PlayStation em um estilo semelhante a outro jogo chamado Sweet Home, dirigido pelo próprio Fujiwara. Após o grande sucesso de Resident Evil, Mikami se tornou mais focado no lado comercial do desenvolvimento de jogos, sendo designado por Yoshiki Okamoto, criador da série Street Fighter, como o produtor da sua sequência, Resident Evil 2.
Por falar nisso, acredito que valha a pena pensar que o gênero de terror e sobrevivência cresceu bastante nas últimas décadas, começando a ocupar um dos nichos mais populares na indústria, até que virasse o que é hoje, um filão superlucrativo de jogos.
Assim, quando os méritos de títulos de terror e sobrevivência surgem volta e meia nas conversas, as pessoas geralmente olham para os pioneiros do seu gênero, os Resident Evil, Silent Hill e Alone in the Dark, com grande valor.

História:



A história de The Evil Within se passa na cidade fictícia de Krimson City, nos Estados Unidos. Após um chamado de emergência de polícia no hospício Beacon Mental Hospital, o detetive veterano Sebastian Castellanos e seu parceiros Joseph Oda e Juli Kidman, mais sua equipe vão até o local para averiguar e ver o que estava acontecendo.
Ao chegarem lá, se deparam com um massacre onde encontram praticamente todos os pacientes, enfermeiros e médicos mortos de forma brutal. Ao checarem as câmeras de segurança para ter um análise e saber o que realmente aconteceu naquele lugar, eles descobrem que algo fora do comum e da realidade tomou posse de lá e causou essa chacina. Antes mesmo de ir embora, Sebastian é atacado por uma força desconhecida, caindo em uma emboscada e ficando inconsciente. Castellanos acorda em uma realidade totalmente distorcida e perversa, pendurado de ponta cabeça, em uma espécie de “abatedouro humano”.
Então, ao recobrar a consciência, Sebastian tenta sair dali, mas passa a ser perseguido por um homem sádico com uma serra elétrica.
Agora, caberá a Sebastian buscar as respostas do que significa tudo isso, para sobreviver e se manter vivo nesse, que parece ser, seu maior pesadelo. Bem, alguns podem achar a narrativa de The Evil Within fraca e que é prejudicada mais ainda por conta do protagonista, Sebastian Castellanos, ser sem graça, estranho, esquisito e não demonstrar nenhuma emoção, após horas combatendo monstros horripilantes, como se ele próprio estivesse dizendo “O que está acontecendo mesmo?”.
Por isso, talvez fique bem difícil se importar com a história quando o personagem principal parece não levá-la a sério, mas acredito que é isso que causa toda a diferença: A Tango Gameworks criou lugares incrivelmente estranhos para os cenários dos quinze capítulos de The Evil Within. Até os clichês de terror foram colocados em novas formas: açougues, fábricas industriais abandonadas e manequins com caras novas e medonhas. Ou seja, toda essa sensação de estranheza e esquisitice faz parte do clima que o jogo propicia, seja um Sebastian que não demonstra emoções ou horror ao que vê, seja em lugares horríveis de ficar.

Gráficos:



Grande parte dos cenários de The Evil Within é bem construída, as texturas de sangue, fogo e de outros materiais aliadas aos efeitos de sombra e luz ajudam muito a aumentar o nosso pavor, conforme jogamos.
Mas, mesmo assim, The Evil Within é um ótimo jogo, cheio de momentos de tensão e desespero, sempre contando com um design muito particular, uma marca registrada da Mikami. Vale ressaltar que este título é uma clara homenagem ao gênero.
A versão jogada por mim foi a do PS4, assim os gráficos podem não empolgar para quem esperou um jogo da nova geração de console dessa época em que foi lançado, em 2014. Esse detalhe para alguns jogadores, pode não chegar realmente a ser muito influente na qualidade final do jogo, o que, de fato, não é no meu caso. Mas, os donos de consoles dessa geração talvez se sintam um pouco frustrados pelo poderio gráfico possivelmente desperdiçado. Na minha visão, isso não tira a diversão e os sustos que ele proporciona ao longo de várias horas de jogatina, com muitas formas de morrer através de ataques dilacerantes e grotescos, o que é muito bom para quem gosta desse gênero. Então, parabéns ao Shinji Mikami!

Jogabilidade:



Apesar de o enredo de The Evil Within ser confuso nos primeiros capítulos, o que pode ser explicado como a intenção de Mikami de fazer com que os jogadores se envolvam mais com tudo que está acontecendo, ele fica mais compreensível à medida que é jogado, mesmo com algumas pontas soltas e que por sinal são colocadas de propósito para nos instigar a entendê-lo, seja pesquisando na internet o seu sentido, seja conversando com algum amigo em um fórum e etc.
Em The Evil Within não é preciso necessariamente ser visto pelos inimigos, por causa da escassez de suprimentos disponíveis nos quinze capítulos e por nem sempre sair atirando para todos os lados é a melhor ideia de sobreviver em ambientes hostis, é recomendado administrar bem seus recursos e também usar o cenário e suas interações ao seu favor.
Durante a sua jornada, o detetive Castellanos se depara com espelhos, espalhados por certos cantos do cenário, que servem como um portal para um hospital bem sinistro. É por lá que salvamos o jogo na máquina de escrever, uma referência clara a Resident Evil, e evoluímos as habilidades do personagem com um sistema bem equilibrado e que passa uma sensação real de evolução, enquanto somos torturados em uma cadeira elétrica.
Mas, para conseguir tais melhorias, é preciso resgatar um líquido verde guardado em um recipiente nas fase, o único problema é que não é possível evoluir tudo de uma vez só e por isso o jogador deve saber dosar quais melhorias são necessárias para determinados momentos de sua jogatina. Apesar de ter sido lançado há algum tempo, The Evil Within ainda se distancia dos padrões de jogos atuais, onde praticamente os inimigos são derrotados da mesma forma. Quer dizer, os chefões tem batalhas memoráveis e são extremamente desafiadores, nos obrigando a usar o cenário ao nosso favor, como naqueles jogos de terror mais clássicos, o que pode frustrar a quem está mais acostumado às experiências mais simplórias e amenas.

Conclusão:

Assim, chego à conclusão que Shinji Mikami conseguiu nos surpreender de novo. Com uma narrativa, às vezes confusa, mas que nos cativa e nos deixa curiosos a cada capítulo. Enfim, The Evil Within é um verdadeiro jogo de survival horror que usufrui das melhores características do gênero, nos forçando a ficar na ponta da cadeira esperando até o próximo susto. Então, se me perguntasse: The Evil Within vale a pena, Ruís América? Eu responderia que sim, cara, vale muito a pena, por conta de tudo que trouxe ao longo da análise.

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